sábado, abril 14, 2007

Liberdade, Ainda que Tardia


A sussurros e sussurros

A favor da independência

A mil vozes e murmúrios

Tramam a Inconfidência.


Se a derrama for lançada

Pelas ruas da cidade

Há levante, de verdade

Se a derrama for lançada

Há, de fato, Inconfidência

A favor da liberdade.


Porém, há um entretanto

Vila Rica arde em brasa

Ao relato do traidor

Joaquim Silvério dos Reis

Que os planos desfez

Confessou ao governador.


Mas a bandeira está lançada

No mundo que principia

E quer liberdade

Ainda que tarde

Com "liberdade ainda que tardia".


E grita o governador à praça

Em brasa

Num sinismo de silêncio

"Quem ousou a falar em liberdade

Esta palavra maldita

Que na colônia portuguesa

Os meus poderes limita?".


E Xavier, o Tiradentes

Deu-lhe pensamento hostil?

Deu-lhe alma de mártire?

Deu-lhe frio na barriga?

O que será que sentiu

Há pouco de perder sua vida?


A bandeira continua erguida

A favor da liberdade

Para ser enfim seguida

Mesmo que já tão tarde...


Libertas Quae Sera Tamen


*Hoje, encontrei este poema, escrito depois de uma aula de história na minha remota sétima série. Gostoso lembrar dos meus treze anos...

quinta-feira, março 22, 2007

Palavroando


Uma palavra pousou

Assim como quem nada quer

No meu ombro - silêncio

Absurdo se fez em mim.


Palavra pousando em menina

É borboleta em jardim

Levando o pólen da flor

Multiplicando o pomar.


Borboletando em silêncio

Nos dias que penso que sou

Na minha vida sem mim

Batendo as asas de verbete.


Deixei a janela aberta

P'ra ver se entrava magia

Que me fizesse uma flor

E multiplicasse eu em mim.


Borboletou palavra.

terça-feira, março 20, 2007

quarta-feira, março 14, 2007

Alvorada


Dia novo.

Intocado.

De ser leve.

De ser minha.

Eu-pra-mim.

De ser eu.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

O Balanço


No canto da alma
Movido de encanto
Tem um balanço
Leveza p'ra o pranto.

Tem um balanço
No jardim de flores
Que veta o destino
Ventanias e dores.

Vai lá, colhe risos
E frutos de sonhos
P'ras horas ferinas.

Vai pro teu balanço

Vestida de branco
Balança, Menina!


*Soneto bobinho que não merece tanto: dedicado a uma menina de sorriso tão puro que alteia a vida... Coração a gente desencarna e deixa na Terra. A menina mora na minha alma...

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Nós

Somos feito pedaços de sol
Somos gotas miúdas de mar
Queimando no céu de azul propagado
Unidas na imensidão de amar.

Somos um porto
Um navio ancorado
Enquanto em teu corpo
Leve eu descansar
E teu rosto me olhar rosado
No mistério do ato de amar.

Somos som e silêncio
De prazer e de dor
E enquanto descança
Em teus olhos: amor!
E enquanto me beija
Em minha pele: amar!

*Um poema que fiz para um amigo meu que me disse: "Você não gosta de mitologia?Ora, então dá uma de Cupido!"Daí surgiu, dos sentimentos dele, os raios queimando no céu e as gotas unidas do mar...

terça-feira, janeiro 23, 2007

Café com pÃoesia


Tarde boa de francês deslavado e intocáveis canções. Maguinifique. Genereuse. Duas meninas sentadas na cozinha. Café com pÃoesia. Duas meninas e conversa d'uma vida. Duas meninas crescidas que não deixaram e jamais deixarão de ser meninas. Tarde boa feita de sorriros saudosos. Tempo passado disperso nos labirintos do presente. Presente d'alma que vai no céu d'um azul tão profundo que nos tira a razão. Presente-sorriso, presente-palavra, presente-olhar.É quando percebemos que a vida é realmente feita de pequenos momentos. Paulatinamente. Inocentemente. A vida que nos cai incoerente, com suas sem-razões, agora é simples, tênue. A vida se constrói em nossas mãos como em um milhão de anos. Prosa-viva. Proesia. E vejo tudo isso numa corriqueira conversa de cozinha.

*Uma republicação do pequeno texto que deu nome ao blog. Tudo numa tarde de café, pão e poesia...